A construtora mineira Mendes Júnior fez
em agosto sua estreia em projeto do pré-sal. Em parceria com a OSX, do
grupo de Eike Batista, a empresa assinou um contrato para construir e
montar duas plataformas para extração de petróleo em alto mar para um
consórcio integrado pela Petrobras.
O
trabalho de engenharia já começou. O negócio é o primeiro passo de um
plano da construtora de passar a disputar contratos relacionados à
exploração da camada pré-sal.
A empresa, que nos últimos anos vem
trabalhando em projetos de refinarias e oleodutos, está em busca de um
terreno para construção de um estaleiro. Ali, passaria a construir
plataformas para atender principalmente à demanda da Petrobras.
Segundo Sérgio Cunha Mendes,
Vice-Presidente de Mercado da Mendes Júnior, a meta é definir o local do
futuro estaleiro até 2013. “Estamos conversando com alguns governos.
Nosso foco são os Estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo e
Rio Grande do Sul. E estamos também conversando com outras empresas
para entrarmos nos projetos da Petrobras no pré-sal”, disse ele em
entrevista ao Valor.
A empresa precisa de uma área entre 350
mil metros quadrados e 400 mil metros quadrados. “A previsão de
investimento é de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão. O estaleiro seria para
atender mais à Petrobras, mas também a outros clientes que demandem
plataformas em cascos de navios.”
Embora sua imagem seja associada muitas
vezes a grandes obras de engenharia, como a rodovia Anhanguera, em São
Paulo; a ponte Rio-Niterói; a hidrelétrica de Itaipu; metrôs em São
Paulo e Rio, entre outros projetos; a Mendes Júnior tem o setor de
petróleo e gás como seu principal negócio no momento.
Em 2010, 61% de sua receita operacional
já vinha de negócios relacionados a petróleo. No ano passado o peso do
setor saltou para 70%. A receita líquida da empresa em 2011 foi de R$
1,25 bilhão – uma queda em relação aos R$ 1,44 bilhão de 2010. A
previsão para este ano é de crescimento. A empresa não divulga suas
projeções para 2012.
Os contratos no setor de petróleo e gás
passaram a ser mais relevantes para o faturamento da construtora a
partir de 2000. Desde então, dedicou mais tempo e recursos a projetos de
expansão de refinarias e construção de dutos. Com um estaleiro próprio,
a empresa de Minas Gerais pretende usar sua experiência nessa área para
fornecer às petroleiras navios-plataformas para a produção de petróleo e
gás no alto mar, sobretudo nos projetos em curso do pré-sal.
Cunha Mendes diz que o grosso do
faturamento da empresa vem hoje de obras em refinarias, mas prevê uma
mudança nessa conta. “Hoje estamos partindo do zero em relação aos
projetos offshore e esse setor terá uma representatividade grande no
nosso negócio”, diz o executivo. Quando e quanto vai depender do ritmo
que a Petrobras, sobretudo, imprimirá ao seu plano de investimentos, diz
ele.
Pelo contrato firmado há algumas semanas
em parceria com a OSX, a Mendes Júnior vai construir parte dos módulos e
montar duas unidades flutuantes de armazenamento e transferência (FPSO,
na sigla em inglês), que são plataformas de petróleo instaladas em
navios batizadas de P-67 e P-70. Os projetos, de US$ 900 milhões, foram
encomendados por um consórcio formado pela Petrobas, BG Group e Petrogal
Brasil e devem ficar prontos em 60 meses.