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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Tradicional paisagem da praia do Farol, as casuarinas estão sendo destruídas; Rastro de queimadas também preocupam

"Fogo, não é autorizado e muito menos o corte sem autorização. A autorização estava com um grupo para a retirada das casuarinas MORTAS. Mas a autorização JÁ EXPIROU!"
Foto: Luciano Cruz | Divulgação

Quem conhece a praia do Farol de São Thomé, logo nota em sua bela paisagem as tradicionais casuarinas, que não são nativas, ao contrário do que muita gente pensa. Elas foram importadas e plantadas aqui há décadas, para compor o paisagismo de uma das orlas mais bonitas do norte fluminense.

Acontece que essa bela paisagem está condenada a não existir mais, devido a ação de vândalos que queimam ou desmatadores que simplesmente cortam as casuarinas para poder vender a madeira. Antes, a ação era realizada próximo ao Farolzinho, agora, a praia do Xexé passa pelas queimadas e o desmatamento já chega próximo ao quiosque 'primeira opção' da localidade.

Nesta sexta-feira 14, a localidade do Xexé amanheceu com sua orla, literalmente, pegando fogo. Até a quadra do lado oposto à praia, onde existem residências próximas, teve sua área queimada. 
Foto: Luciano Cruz | Divulgação
Devido a mata extremamente seca, o fogo logo se espalha e polui o ar com sua fumaça e põe em risco a saúde da população que é composta, próximo ao local, por idosos e também crianças.

As casuarinas são caracterizadas por ostentarem ramos esbeltos e delicados, com folhas reduzidas a escamas, o que lhes confere um aspecto semelhante a pinheiros esbeltos. Trata-se de espécies exóticas, trazidas de outros países e algumas espécies são cultivadas como árvores ornamentais, encontrando-se naturalizado em múltiplas regiões, sendo algumas espécies consideradas em alguns lugares como plantas invasoras.  O que não é o caso da praia campista, já que as mesmas foram plantadas com o objetivo de compor o paisagismo da orla. Algumas espécies arbóreas podem atingir até 35m de altura.

Além das casuarinas, há também a restinga que é uma formação vegetal costeira. Essas espécies vegetais são extremamente adaptadas para aguentar o vento, o baixo nível de fertilidade do solo e a salinidade devido sua aproximação do mar. São fixadoras de dunas. Na praia do Xexé, elas também estão em risco, tendo em vista as constantes queimadas.

Tradição e Proteção Natural

As casuarinas fazem parte de uma tradição na região. Em São João da Barra, por exemplo, em setembro de 2017, máquinas foram flagradas removendo as árvores na praia de Atafona e, o assunto gerou polêmica nas redes sociais, sendo notícia no jornal Folha da Manhã à época. Denunciada pelos flagrantes fotográficos, a ação, supostamente do governo sanjoanense, que alegou que a remoção das casuarinas por parte da Prefeitura era inverídica, foi condenada tanto pelo ambientalista e historiador Aristides Soffiati, quanto pelo advogado Geraldo Machado, um dos líderes do movimento SOS Atafona. De acordo com o advogado, as casuarinas servem de sombra e proteção natural contra o excesso de areia e sedimentos violentamente trazidos pelo forte vento nordeste, sobretudo nos meses de agosto a outubro.

professor Soffiati explica que  “a casuarina é uma espécie australiana. Ela resiste aos fortes ventos, pois suas folhas têm formato de fios. São folhas filiformes. Se me perguntarem se a casuarina é a espécie ideal para nossas praias, responderei que não. Mas não terei o desplante de recomendar o corte raso delas sem um plano elaborado de revegetação com espécies nativas, assim como não cometerei o erro absurdo de apoiar a morte de um alemão que se diverte no mar por não ser estrangeiro. Há casos consumados de plantio de casuarinas em praias, além de outras espécies exóticas. Em resumo, creio ser condenável a destruição de casuarinas sem um plano bem fundamentado para a sua substituição”, explicou.

Na praia do Farol de São Thomé e no litoral da Região, as casuarinas se aclimatizaram ao ambiente de praia e são parte do paisagismo. Muitos veranistas, turistas e moradores, usufruem da bela paisagem que além do mais, proporcionam sombras e tardes agradáveis sob as árvores. Moradores do Xexé, estão indignados com a situação e vários já foram os flagrantes fotográficos na localidade.

- "Isso é um completo absurdo, temos que fazer alguma coisa estão acabando com a beleza da nossa praia. Isso é muita falta de conscientização, além de estar acabando com a vegetação que é nativa é um crime ambiental, já que Xexé é denominada uma área de preservação, agora virou moda toda manhã tem uma queimada", disse a dona de casa e moradora Sandra Helena.

-"Todo mundo que ver colocando fogo ou ouvirem a serra elétrica, tem que denunciar. Eu mesmo de madrugada muitas vezes escuto o barulho como se fosse serra elétrica e logo imagino que estão cortando as árvores, fazem isso principalmente a noite e de madrugada, ou então bem cedo, isso é um crime!", denuncia o auxiliar administrativo Luiz, morador há 26 anos do Xexé.

-"Infelizmente episódios de agressão ao meio ambiente se tornam corriqueiros na Praia de Farol de São Thomé, principalmente na praia do xexé que conta com uma restinga de preservação ambiental, além dela, contamos ainda com toda a vegetação de casuarinas e plantas nativas que além de trazer beleza a nossa praia é moradia de outros moradores como os gaviões, corujas e tantos outros. O descarte irregular do lixo e as queimadas na vegetação são crimes ambientais, e é inadmissível que continue ocorrendo" destacou Maiara Thais, de 27 anos e graduada em pedagogia.

A reportagem do Portal do Farol entrou em contato com o coordenador do Parque Estadual da Lagoa do Açu, Heron Costa, integrante do INEA, que disse que a queimada é um crime cometido e a retirada das árvores hoje, não são permitidas. Veja a nota:

"Fogo, não é autorizado e muito menos o corte sem autorização. A autorização estava com um grupo para a retirada das casuarinas MORTAS. Mas a autorização JÁ EXPIROU. 

Nossa equipe tem estado de prontidão, mas, não conseguimos pegar o infrator. Estão queimando também a restinga, onde nem casuarinas tem.

De dia, nossa equipe está sempre de prontidão, mas, enxugando gelo. Pois, ninguém denuncia na hora. A retirada que foi autorizada, já foi feita, porque algumas casuarinas mortas estavam caindo na estrada. A autorização já expirou!"

DENÚNCIAS

Quem flagrar pessoas queimando a restinga e/ou casuarinas, bem como sua retirada, pela extensão da orla da praia do Farol de São Thomé, podem denunciar de imediato a ação às autoridades. Saiba para onde ligar:

INEA FAROL - de 8h às 17h | Tel: (22) 2747-5316

Fora do horário de atendimento do Inea, a população pode denunciar no DPO - Destacamento de Policiamento Ostensivo do Farol, que têm ajudado arduamente a equipe do Inea. O telefone é o 2747-1190.

Vale destacar que, a queimada sem licença do órgão ambiental é tida como incêndio criminoso e é punida pela Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) com pena de um a quatro anos de reclusão. 
Foto: Luciano Cruz | Divulgação


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