Após 55 anos, cruzeiro da praia do Farol é restaurado

Datado em 1965, o cruzeiro que é um marco histórico na praia campista, apesar de já ter passado por algumas pinturas, foi restaurado pela primeira vez em 2020 após 55 anos de existência

Cruzeiro foi erguido no ano de 1965 e restaurado pela primeira vez em 2020 | Foto: Fabiana Henriques

O cruzeiro, situado no Náutico, na praia do Farol de São Thomé, foi erguido no ano de 1965, sendo um marco de fé e confiança no progresso da praia de Campos, mesmo ano em que foi inaugurado o Clube Náutico do Farol, que na época tinha estacionamento, salão envidraçado, piso de mármore, parque interno ajardinado, bar, churrascaria, boate, cinema, palco, piscina, playground e ornamentado com peças históricas valiosas. 

O Cruzeiro foi idealizado e erguido pelo Clube Náutico, logo após sua inauguração, pela iniciativa do comodoro Augusto Hollanda Cunha, com Dr. Waldemir de Castro Moura - presidente e Major Silvio de Araújo - vice-presidente, que compunham a primeira Diretoria, naquele ano de 1965. Um verdadeiro marco que deu início ao desenvolvimento da parte norte da Praia do Farol de São Thomé.

Quando o Cruzeiro foi inaugurado, ali terminava a estrada de terra preta e ostra, na época considerada quase tão boa quanto um asfalto. Os carros contornavam o Cruzeiro e retornavam pela estrada que era mão e contramão.

Vale salientar que a mencionada estrada fora construída à época também pela diretoria do Clube Náutico do Farol, no trecho que vai da onde hoje existe uma pequena praça (próxima à lanchonete Mansur) até o Cruzeiro.

"Havia também uma pedra grande, com desenho de um círculo com uma cruz dentro, achada quando estavam escavando o terreno, pedra essa, que também foi deixada para compor a paisagem do local. De acordo com a família dos que ali trabalharam, a pedra era da época dos jesuítas e o desenho tinha o seguinte significado: 'Juro por Deus, que esse mundo é meu'. Por motivo desconhecido, a pedra foi retirada do local", conta Andréa Quintanilha, neta do comodoro Augusto Hollanda Cunha.

Curiosidade: A pedra citada por Andrea, hoje, encontra-se na praça de Campo Limpo, na Baixada Campista. O arco metálico do cruzeiro, foi feito por Antonio Francisco de Sales, conhecido na ocasião (1965) como  "Zizinho Grande", funcionário na usina Baixa Grande. 

Cruzeiro antes da restauração | Foto: Fabiana Henriques

A restauração 

Através do projeto de Gustavo Crespo, conhecido como 'Potência', que visa a revitalização dos espaços e patrimônios públicos, praças da Baixada Campista, foi iniciado no primeiro semestre de 2020, voluntariamente, obras de reparo no cruzeiro situado no Náutico, que recebeu apoio, contribuições e a mão de obra voluntária de Rubson Barbosa, Esmael, Licínio e Jailson, tornando possível a restauração, que foi finalizada e entregue nesta quarta-feira, 09 de setembro. 

"O que me motivou dar início a esse projeto de restauração do cruzeiro, foi conhecer a fundo a história do mesmo, no Portal do Farol. Esse cruzeiro foi um marco na minha infância e adolescência e poder ver as postagens no Portal contando a história, que foi um grande marco em 1965, me inspirou. Me sinto realizado por ser responsável por essa restauração, após 55 anos do início dessa história" - disse Gustavo Crespo.

O Projeto

Em setembro de 2018, foi sancionada a Lei Municipal 8771/17 que visa melhorar a urbanização da cidade. A lei foi regulamentada com decreto em Diário Oficial no dia 22 de novembro, o programa “Adote uma Praça”, por meio da secretaria Municipal de Desenvolvimento Ambiental (SMDA) prevê que a iniciativa privada e a sociedade civil organizada estejam dispostas, espontaneamente, a assumir a conservação de praças, jardins e canteiros em todo o município. Desta forma, Gustavo Crespo, sobrinho neto do sr. Ludgero Rodrigues Areas, um dos primeiros funcionários a cuidar da torre do farol no ano de 1899 e sobrinho do último faroleiro na família, Ludgero Areas Crespo, deu início ao projeto de revitalização em março de 2019.