Abertura de barra gera impasse entre pescadores e Inea - Portal do Farol | O Portal de Notícias do Farol de São Thomé

Notícias

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Abertura de barra gera impasse entre pescadores e Inea

Fotos Ururau
Não é de hoje que pescadores da localidade de Barra do Açu, em São João da Barra, e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) – através do Parque Estadual Lagoa Do Açu (Pelag) – vivem um impasse no que tange a abertura de barra para passagem de peixes da lagoa para o mar.


Nesta quarta-feira (27/12), pescadores teriam tentado, por três vezes, fazer abertura de barra, no entanto sem sucesso, já que o próprio mar não teve força suficiente para jogar água para dentro da lagoa, levando apenas areia, que acabou fechando o buraco.

“Não é o período para abertura dessa barra, porque não tem força da água interna e a maré está sem pressão no mar. Eles [pescadores] só estão perdendo tempo porque se conseguirem abrir será uma perda de biodiversidade muito grande, e não estou falando só de peixes. Tudo isso tem impacto muito grande porque o volume de água da lagoa vai todo para o mar, inclusive leva peixes da água doce para o mar, que acabam morrendo, como também você tem a entrada de um volume muito grande de água salgada”, comentou o diretor do parque, Eron Costa.

Segundo o gestor, o período é de defeso, onde essas espécies desovam e, se caso tiver uma mortandade durante esse tempo, as espécies não alcançarão o período de maturação para que se tenham peixes futuramente e, isso, seria um dano muito grande. “O Inea nunca foi contra a abertura [da barra], mesmo levando em conta todo o dano que pode ocorrer. Mas, tudo isso tem que ser estudado e feito de uma forma inteligente”.

Eron explicou que para fazer a abertura de uma barra, é preciso ter um volume grande de água doce e a garantia de que está entrando água nesse corpo hídrico, como também, a pressão do mar, porque sem isso a abertura não terá sucesso. Além disso, é preciso fazer um levantamento para ver se tem cardumes junto dessa orla.

Ele também disse que, no início de agosto desde ano foram feitas algumas reuniões, extraordinárias e ordinárias, nas quais foi combinado que pesquisadores e professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Darcy Ribeiro, que trabalham especificamente com esses corpos hídricos, iriam ao local para fazer análises da água, no intuito de detectar se a mesma estava podre, como os pescadores alegavam, e até onde estava salinizada.

Ainda durante as reuniões, ficou acertado que não seria o momento exato para abertura da barra, pois a região ainda passava por um período de estiagem e a lagoa estava muito baixa e com pouca vazão de água doce.

“No decorrer desses encontros nós descobrimos que o real objetivo dos pescadores era a abertura [da barra] para a entrada de peixes, principalmente alevinos. Sabendo disso, nós levamos a eles uma proposta de fazer a introdução de alevinos para não precisar abrir a barra naquele momento, o que foi aceito por todos. Acontece que, em outubro deste ano, foi montada uma operação, porque detectamos que alguns pescadores estavam pescando de forma totalmente ilícita. Na ocasião, policiais ambientais (da 3ª Unidade de Policiamento Ambiental (UPAm) do Parque do Desengano, fizeram a apreensão de material e encaminharam três pescadores para a delegacia”, informou Eron.

FISCALIZAÇÃO PERMANENTE

Para inibir que pescadores façam novas aberturas no local, será montado um ponto base por tempo indeterminado. De acordo com um policial da unidade, uma equipe foi à capital fluminense apanhar um motor home (veículo traçado) que pertence ao Inea. O veículo ficará alojado na beira-mar, onde três equipes estarão de prontidão, por 24 horas.

Ururau

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe-nos Sua Mensagem! Seja Sempre Bem Vindo(a)!