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Foto: Kleber Campos

Ruínas do antigo farolzinho de alvenaria, ou 'farolzinho caído', como era conhecido, que ficava logo após a curva para a ponte Maria da Rosa, localizado ao lado da estrada costeira a cerca de 7 km (4 milhas) a nordeste do Farol de São Thomé. Foi derrubado pelas constantes ressacas do mar, na década de 1980. Sinalizava os bancos de areia naquela mesma direção.

Em 1968, ficava a uns 20 metros fora d'água. Os destroços por vezes ficam soterrados, aparecendo de tempos em tempos, devido às ondas do mar. Foi substituído pela torre cilíndrica de fibra de vidro, no Farolzinho, pintado com faixas horizontais pretas e brancas.

Foto: Kleber Campos

Se hoje estivesse ainda em operação, seria o terceiro farol do Cabo São Thomé
2021

Foto: Fabiana Henriques

Patrimônio do município de Campos dos Goytacazes, o Mosteiro de São Bento, situado no distrito de Mussurepe, completou, em 2022, 332 anos do início de sua construção e de um legado não somente religioso.

Esse Mosteiro marca a presença dos monges beneditinos na região da Baixada Campista desde 1648, há 372 anos.

O Mosteiro de São Bento, é um dos poucos remanescentes da arquitetura religiosa brasileira ainda de pé.

Essa é uma das mais imponentes construções do século XVII e é considerada uma relíquia do chamado barroco tardio.

O Mosteiro de São Bento, que levou mais de 100 anos para ficar pronto, tem aproximadamente 1.970m² de área construída, suas paredes são de cal e adobe cozido e é constituído por quatro alas com cinco quartos, sala de espera, lavanderia, banheiros, cozinhas, entre outros aposentos em seu interior.

Do lado de fora, há ainda um coreto em que, no passado, realizavam-se as festas religiosas. É importante citar que, em 1965, um incêndio destruiu as imagens e os altares em madeira, entre elas as imagens de São Bento, Santa Escolástica e Nossa Senhora do Rosário. Muitos livros que contavam a história da fé religiosa também foram queimados nessa ocasião.

Além desse conjunto arquitetônico formado pelo edifício principal (capela e convento) e do cemitério, em que estão sepultados sete religiosos que já atuaram ali, os monges beneditinos também construíram 34 capelas, espalhadas pela Baixada Campista e imediações, como em Barra do Furado e até no Açu. Dessas 34, 32 pertencem à diocese de Campos e somente duas — a igreja localizada no próprio local e outra situada no Farol de São Thomé (Igreja de Nossa Senhora das Rosas) — continuam sob a administração do Mosteiro.

A fim de preservar esse marco da cultura religiosa no município, o Mosteiro de São Bento foi tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Coppam), órgão da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, através da Resolução nº 004/2012, publicado no Diário Oficial de 14 de março de 2012.

(Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho)
Foto: Fabiana Henriques





A estação de Santo Amaro de Campos, em 14/12/1996. (Foto Ralph M. Giesbrecht)

HISTORICO DA LINHA: A Cia. E. F. Campos a São Sebastião foi criada em 1871, e em 1873 entregou o trecho até as estações de São Gonçalo e de São Sebastião. Em 1889, foi vendida à E. F. Macaé a Campos, que no mesmo ano a prolongou até Mineiros (João Amaro). A ferrovia, encampada mais tarde pela E. F. Leopoldina, em 1908 teve a linha renomeada como ramal de Santo Amaro e foi estendida até Santo Amaro, que se constituiu no seu ponto terminal. Os trens de passageiros rodaram até o final dos anos 1960. A linha, ainda parcialmente assentada em diversos trechos em 1996, nunca foi oficialmente suprimida.

A ESTAÇÃO: A estação de Santo Amaro de Campos foi inaugurada em 1908. Segundo se conta, sua abertura deu-se para favorecer o Senador Pinheiro Machado, que tinha fazenda nas proximidades.

Em 1962, nos domingos, o trem partia da estação de Campos às 09:20 da manhã e chegava a Santo Amaro às 11:15. Partia de volta às 13 horas.

A estação foi fechada "em caráter definitivo" em 01/09/1971, de acordo com o relatório da Leopoldina desse ano.

A Usina Santo Amaro, próxima à estação, foi uma das últimas a ter ferrovia própria e a continuar operando. Em 1988, ainda operava com locomotivas a vapor. Atualmente, a ferrovia não opera mais.

(Fontes: Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local, 1996; Guias Levi, 1932-1980; Relatório da RFFSA/Leopoldina, 1971).
A estação já em ruínas em 06/07/2011. (Foto Jair Barreiros).
A estação já em ruínas em 06/07/2011. (Foto Jair Barreiros).
Em 2013 - a antiga estação estava abandonada e arruinada (Foto Nivas Larsan).
A estação em 2019. (Foto Fabio Martins da Cruz).

Única foto conhecida sobre a Barra Velha, publicada em 1934 por Hildebrando de Araujo Góes. O cavaleiro está de costas para o Lagamar. No seu lado direito, há uma espécie de córrego. A sua frente, posta-se imensa barragem de areia, separando o mar da lagoa. Para rompê-la, é necessário penoso trabalho. Ainda hoje, um filão de água do mar filtra-se sob a areia e alcança a lagoa

Você Sabia?
O primeiro Bloco de Carnaval do Farol de São Thomé foi o Bloco TABOA VERDE, em 1948, criado pela Família Quintanilha

Naquela época não haviam Clubes, os bailes eram realizados em casas de famílias. O referido baile foi realizado na residência do Senhor Firmino Saldanha em Farol de São Thomé. O bloco era formado, por aproximadamente, 30/35 pessoas, todos amigos e vizinhos.

Para o bloco, usava-se as Taboas para fazer saias de Havaiana. As fantasias ficavam lindas, eram colocadas pulseiras e enfeites de Taboas na cabeça. Por isso, o nome do Bloco TABOA VERDE.

Na época, eram 10 Quintanilhas, atualmente (2018) existem três irmãs vivas. (Ema Quintanilha Lopes, Zuleima Quintanilha e Jucirema Quintanilha Cardim).

Naquela época, a união entre veranistas, amigos e vizinhos era algo notável.
__VOCÊ SABIA?__

Rádio Velho

Esta localidade é conhecida assim porque aqui existiu uma estação de rádio e telégrafo. Inaugurado em 1912, a estação de rádio tinha uma torre feita de aço que media 75 metros de altura e com o vento forte oscilava 45 cm. 

Durante muitos anos foi a mais poderosa estação de rádio do Brasil, oferecendo além de serviço normal, farto noticiário e prestando grande ajuda aos navegantes, além disso, estabeleceu comunicação com vários países estrangeiros inclusive o Japão. 

Durante a última guerra mundial, a estação telegráfica foi entregue à administração da marinha tendo em vista a posição estratégica do referido local, uma vez que se trata do ponto mais avançado do litoral leste do nosso território. 

Em 1945 foi feita permuta da área da antiga estação rádio cabo de São Thomé pela atual área ocupada pela Marinha. 
Você Sabia?

Que de acordo com o site Wikipédia e alguns sites franceses, quem projetou o farol, o engenheiro francês GUSTAVE EIFFEL, é o mesmo que participou da construção da Estátua da Liberdade (1886) em Nova Iorque e da Torre Eiffel (1889) de Paris?   Essas duas últimas obras levaram esse mesmo engenheiro a ficar conhecido no mundo inteiro.. Há quem diga que não foi ele quem projetou o nosso farol, enquanto isso, historiadores e pesquisadores tentam desvendar a história. Vamos acompanhando!
               
Você Sabia?

Em 1883, Dom Pedro II, inaugurou na cidade, o primeiro serviço público municipal de iluminação, tornando Campos dos Goytacazes a primeira cidade do Brasil e da América Latina a receber iluminação pública elétrica, através de uma termelétrica a vapor acionadora de três dínamos com potência de 52 KW, fornecendo energia para 39 lâmpadas de 2 000 velas cada.
Dom Pedro II
Você Sabia?

Que há 25 milhas ao sul do Farol de São Thomé, encontra-se naufragado desde 19/07/1944, o navio 'VITAL DE OLIVEIRA'? 

Durante a segunda guerra mundial, ele foi atacado às 23:55 com um torpedo na popa (U-861 torpedo alemão). Era um navio a vapor de 89 metros, que tinha como comandante o capitão de fragata: João Batista de Medeiros Guimarães Roxo. O ataque deixou um total de 100 mortos.

Latitude: 22º 29' S.
Longitude: 41º 9' W.
Você Sabia?


Que o Farol é área de alimentação para as cinco espécies que ocorrem no Brasil e de reprodução para a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta).
 
O Tamar atua nessa região desde 1992. A base trabalha durante todo o ano e na temporada reprodutiva, de setembro a março, monitorando cerca de 100km de praia, entre a foz do rio Paraíba do Sul e Farol de São Thomé, onde fica a principal área de reprodução. Protege cerca de mil desovas, com 80 mil filhotes por ano.

Esse litoral ainda preserva áreas de restinga e lagoas bem conservadas.

Você Sabia?

O Cabo de São Thomé se localiza a cinquenta quilômetros a sudeste da cidade de Campos dos Goytacazes.

O cabo foi formado por sedimentos depositados pelo Rio Paraíba do Sul. 

Foi avistado pela primeira vez por europeus em 1501 

Ao longo das expedições, os portugueses costumavam batizar os acidentes geográficos segundo o calendário com os nomes dos santos dos dias, ignorando os nomes locais dados pelos nativos. Em 1 de novembro (Dia de Todos os Santos), chegaram à Baía de Todos os Santos, em 21 de dezembro (dia de São Thomé) ao Cabo de São Thomé, em 1 de janeiro de 1502 à Baía da Guanabara (por isso batizada de "Rio de Janeiro") e no dia 6 de janeiro (Dia de Reis) à angra (baía) batizada como Angra dos Reis. 



(Wikipédia)
Antiga Igreja São Thomé - Farol de São Thomé
A casinha, atrás da capelinha, abrigava o gerador de luz da torre do farol
Pesca de antigamente na Praia do Farol. À frente da canoa
"Teimosa" falecido Zé Antônio da Tonga da Mironga.
Farol de São Thomé - 1950
O Farol de São Thomé, Campos dos Goytacazes. Década de 1930.
Foto: Blog de Luiz Felipe Muniz

Foto histórica, foi registrada em agosto de 1959.

A ocasião marcava o início da primeira perfuração de um poço estratigráfico na praia do Farol de São Thomé, com o objetivo de estudar a presença de petróleo no litoral.

Na foto estão presentes o Presidente da Petrobras na época, Idálio Sadenberg e o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Silveira.

O referido poço está situado numa fazenda no Xexé.
Foto: Nho Quintanilha - Pesca de arrastão no Farol - 1960

Você Sabia?

Em 9 de fevereiro de 1960, era inaugurado nesta data, na praia do Farol de São Thomé, o 1º Serviço de Guarda-Vidas. Numa época em que a praia campista era temida devido ao permanente mar agitado, tal providência, há muito reclamada, vinha afinal, preencher uma grande lacuna. A feliz iniciativa foi do prefeito José Alves de Azevedo que inaugurou em boa hora àquela atividade. Não é necessário dizer da excelente acolhida por parte dos frequentadores da praia do Farol. 

Do livro: "CAMPOS DEPOIS DO CENTENÁRIO" - Vol. 2 - (Waldir Carvalho)
Verão de 1992 - Foto: Rosana de Jesus
Você Sabia?

Que a história do PETRÓLEO em Campos dos Goytacazes começou em Boa Vista, localidade vizinha à Farol de São Thomé?
A verdadeira história do petróleo em Campos dos Goytacazes (RJ), tem o seu início em 18 de março de 1918, quando o Coronel Olavo Alves Saldanha, gaúcho, que havia sido prefeito nos períodos 1904-1905 e 1907-1908 em Quaraí, no Rio Grande do Sul, adquire a Fazenda Boa Vista com 2.263 alqueires, da Sra. Benedita Brasilina Pinheiro Machado, viúva de seu amigo e também gaúcho, General José Gomes Pinheiro Machado, por 1.200 contos de réis de porteira fechada. No patrimônio da fazenda constavam 9.000 bois, 700 carneiros e 30 cavalos.
  
     Quando ainda era o proprietário da Fazenda, o General Pinheiro Machado, em 11 de fevereiro de 1913, recebeu o então Presidente do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca, para uma caçada. Ambos percorreram os campos da Boa Vista, do Xexé até a Barra do Furado. Os limites da propriedade iam do lado direito da Barra do Açu, até a Barra do Furado. Podemos dizer então, que todo o litoral campista pertencia à Fazenda Boa Vista.
 
 Coronel Olavo Alves Saldanha

(Nasceu em 1864 e faleceu em 1927)
Pioneiro na prospecção de petróleo 
em Campos dos Goytacazes (RJ).

(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Fazenda Boa Vista (1910)
Campos dos Goytacazes - RJ

A Fazenda Boa Vista quando o Senador 
Pinheiro Machado ainda era o proprietário

(Foto: www.ibamendes.com)
Fazenda Boa Vista 1910 

Castração de cavalo na Fazenda Boa Vista, 
Quando o Senador Pinheiro Machado ainda era o proprietário

  Após a morte do General e Senador da República, Pinheiro Machado, que foi assassinado com uma punhalada pelas costas por Manso de Paiva, às 16h30 de 8 de setembro de 1915, no saguão do Hotel dos Estrangeiros, no Flamengo (Rio de Janeiro), Olavo vem a Campos visitar a Sra Benedita e conheceu então a Fazenda Boa Vista.

     Olavo gostou tanto do lugar, que por este motivo a viúva optou por vender a propriedade a ele. 
 General José Gomes Pinheiro Machado
(08/05/1851-08/09/1915)
 Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Coronel Olavo Alves Saldanha e  família.
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ

     Da esquerda para a direita, a Sra. Seraphina (esposa de Olavo), o Cel. Olavo, o Sr. Quido, o Sr. Firmino, as Srts. Alzira, Virgínia, Seraphina e Maria (filhas do Coronel), Seraphim e Olavo (filhos do Coronel).
As filhas do Coronel Olavo Alves Saldanha
Fazenda Boa Vista (anos 20)
Campos dos Goytacazes - RJ

     Da esquerda para a direita: Alzira (Ziroca), Maria (Maricota), 
Virgínia (Vina) e Seraphina (Sirene). 
A Sra. Seraphina da Silva Saldanha, 
esposa de Olavo Alves Saldanha e seus filhos (anos 20).

Da esquerda para a direita: Olavo, James, Firmino, Seraphim e Cândido.
Fazenda Boa Vista (1920)

     Este cavalo da raça PSI de nome "Guerreiro", 
foi presente da viúva do Senador Pinheiro Machado 
ao Cel. Olavo Alves Saldanha.
Foto captada do Mirante do sobrado da Boa Vista, 
em direção ao Farol de São Thomé.
Fazenda Boa Vista (1920)
Para administrar a Fazenda, Olavo Saldanha mandou vir do Rio Grande do Sul, um homem de sua confiança, o gaúcho Euclides Pinto de Oliveira (1890-1986), pagando-lhe mensalmente 300 mil réis.

E foi ele, Euclides Pinto de Oliveira, Quido Pinto (como gostava de ser chamado), que se tornou um fazendeiro na região, a contar a um extinto jornal campista em 1982, como foi o pioneirismo em prospecção de petróleo em Campos.
 
 O poço petrolífero pioneiro na Fazenda Boa Vista 
(1922) Campos dos Goytacazes - RJ

(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)

O ano de 1922 ficou marcado no Brasil porque aconteceu, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal. Cada dia da semana foi dedicado a um tema: pintura e escultura, poesia, literatura e música.

     Em Campos dos Goytacazes, este ano também se tornou histórico. Após detectar os primeiros sinais da existência de petróleo, Olavo Saldanha se associou ao então poderosíssimo Grupo Henrique Laje para realizar as primeiras sondagens na prospecção de petróleo.

     - "Eu vi - revela Quido Pinto - as bolinhas de barro, tiradas do poço aberto por Olavo Saldanha e Henrique Laje, pegarem fogo quando se acendia um fósforo e soltarem um cheiro que mais parecia querosene!"

     Quido, declarou que o seu antigo patrão, Olavo Saldanha, "era um homem de muita leitura e de boa cabeça". Foi o primeiro a procurar petróleo no município de Campos.

      -" Na fazenda Boa Vista havia uma vala que estava sempre com uma água oleosa e que, volta e meia, pegava fogo. Naquela época, falava-se muito em petróleo no Brasil e o velho Olavo era curioso e lia tudo sobre o assunto. Um dia, ele chegou para mim e disse que ia perfurar o local. Mandou construir um tripé, onde descia uma caçamba, pegou um trator para puxar a caçamba e começou o trabalho."

     -" Eu era jovem - prosseguiu - mas me lembro que, do barro que vinha na caçamba, ele fazia umas bolinhas que botava para secar no sol. Quando elas estavam bem secas, ele riscava um fósforo e elas pegavam fogo rápido. Depois saia uma fumaça e vinha, então um cheiro de querosene. Ele dizia que secava o excesso da água e que ficava no barro apenas o resíduo inflamável."
O poço petrolífero pioneiro na Fazenda Boa Vista (1922)
Campos dos Goytacazes - RJ

(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)

Técnicos, engenheiros e geólogos do Grupo Henrique Laje, vestidos com ternos de linho branco e sapato social, inspecionando os trabalhos na base da plataforma. O detalhe maior é a característica da tubulação utilizada: cano flexível corrugado.

     -"Um ano depois - prossegue Quido - desanimado com o engenho que armou para perfurar o poço, ele foi ao Rio de Janeiro onde teve uma conversa com Henrique Laje. Semanas depois, chegou na fazenda um americano de nome Whikman, que examinou o local, as bolinhas de barro e, por carta, autorizou Henrique Laje a mandar a máquina de perfurar (foto acima). Alguns dias depois aquele trambolho enorme chegou pelo trem e, com carretas puxadas por bois, trouxemos ela de Santo Amaro até a fazenda".

     - "A máquina levou alguns dias para ser montada pelo americano. Ela foi colocada num terreno de fronte à casa grande da fazenda e, perfurava por percussão, com o bate-estaca utilizado por essas construtoras de edifícios. Henrique Laje só veio uma vez à fazenda, quando ela começou a funcionar. Ela levou mais de um ano trabalhando e, à medida que a terra ia sendo retirada, as esperanças de se encontrar petróleo iam morrendo. Até que um dia houve a explosão do cano em que trabalhava a perfuradora. A peça empenou e, depois de perfurar pouco mais de 200 metros, os trabalhos foram interrompidos".

     - "De lá para cá - finalizou - o velho Olavo se desentendeu com Henrique Laje e não mais chegaram a um acordo. Henrique queria comprar a fazenda do velho Olavo e este não concordou. Chegaram a falar em arrendamento, mas seu Olavo disse que só aceitava se ele ficasse com maioria. Depois disso, o velho adoeceu, morreu e o americano nunca mais voltou ao lugar".

Com estes fatos, em Campos, podemos dizer que a existência de petróleo sempre foi uma esperança ou mesmo certeza, acalentada pelos antigos. A afirmação de que Campos possuía petróleo, com vasto manancial, aconteceu anos mais tarde, quando o geólogo Alberto Ribeiro Lamego, com base em estudos e pesquisas, afirma a existência do chamado "ouro negro" no subsolo campista.

     Os anos foram passando e muitas histórias surgiram: algumas lendas e fatos comprobatórios de que a Fazenda Boa Vista e o Xexé eram fecundos reservatórios de petróleo. Também no Morro do Querosene, inclusive no bairro do Turfe Clube e na vizinha cidade de São João da Barra,  foram encontrados vestígios de petróleo. Conta-se a estória da descoberta em terras sanjoanenses e campistas de um óleo negro que pegava fogo e durava horas completamente aceso. E o teatrólogo Gastão Machado teve casas superlotadas em seu antigo Teatro Floriano, ao anunciar a revista "Tem Petróleo no Turfe".

     No Xexé foram realizadas diversas pesquisas, além dos trabalhos realizados no oceano em Atafona (São João da Barra) e no Farol de São Thomé.

     Ainda com relação às explorações realizadas em Xexé é bom que se diga que os trabalhos foram demorados e promissores sem, contudo, ser divulgado oficialmente o motivo da sua paralisação.
Sobrado da Fazenda Boa Vista (1975)
Foto: Orlando Braga

Esse casarão hospedou a Princesa Isabel e o Conde D'Eu, marido da Princesa, em 1882, quando da inauguração do Farol de São Thomé.

E O PETRÓLEO JORROU!
A Revista Manchete em sua edição nº 1.183 de 21 de dezembro de 1974, publicou uma extensa reportagem sobre a descoberta do petróleo em Campos, e aqui estão alguns trechos desta matéria.

      A versão brasileira do Eldorado já não é mais a lendária "Lagoa Dourada", em cujas margens habitavam índios ornamentados de ouro e que chegou a atrair o famoso explorador inglês Fawcett à selva amazônica em busca da Cidade Perdida. 

O moderno Eldorado brasileiro está a pouco mais de 200 km do Rio, diante da cidade de Campos - à qual se chega pela moderníssima BR-101 - e é o poço da Petrobrás 1-RJS-9A, que poderá dar ao país a cobiçada auto-suficiência em petróleo. Está a uns 80 km do litoral campista, numa posição bastante precisa: 40 graus, 06 minutos, 25 segundos de latitude oeste e 22 graus, 13 minutos e 46,6 segundos de longitude sul. Foi aí que jorrou o petróleo que devolveu Campos às manchetes dos jornais.

     No bairro de Guarús, ao qual se chega atravessando uma das três pontes sobre o largo rio Paraíba, ( a quarta ponte, que é metálica, serve apenas aos trens da Leopoldina), a alegria explode em muitas garrafas de champanha na casa do diligente Prefeito José Carlos Vieira Barbosa. Cercado de sua família, o prefeito de Campos exibe a mão coberta de petróleo do campos de Garoupa, enquanto uma amostra do combustível passa de mãos em mãos, como se fosse uma relíquia.

     Uma banca de jornais na Rua Treze exibe duas enormes manchetes do Monitor Campista, com 140 anos de vida, o terceiro jornal mais antigo do país: É o Ciclo do Petróleo! É a Redenção do Brasil!

     No jornal A Notícia, na Sete de Setembro, seu diretor, Hervé Salgado Rodrigues, diz com muito orgulho que foi um dos seus repórteres que deu o furo da descoberta do campo de Garoupa: "Em novembro de 1973, publicamos as declarações do mergulhador francês Jean-Pierre que já mostrava a existência de petróleo em frente ao litoral de Campos. Também o técnico Murray Lida nos disse, na mesma ocasião, que eram promissoras as perspectivas do campo de Garoupa. Fomos os primeiros a noticiar isso em todo o Brasil."

     Nunca, desde a visita de Pedro II, em 1883, o orgulho campista esteve tão alto. Para eles o descobrimento do petróleo não chega a ser novidade. "O que mais nos surpreende é a extensão das reservas em processo de demarcação", disse a Manchete o professor Yvan Senra Pessanha, historiador campista.

     "Desde o século passado se sabia da existência do petróleo em Campos. Nosso folclore está cheio de histórias de assombração que falam do fogo andante na região do Imbé. Em 1900, Júlio Feydit, com seu Subsídios Para a História dos Campos dos Goytacazes, revelou a presença do petróleo na região da Fazenda Boa Vista. E nosso importante geólogo Alberto Lamego Filho, em seu livro O Homem e a Restinga, ofereceu grande quantidade de evidências sobre a matéria. Mais tarde em 1944, o mesmo Lamego Filho ampliaria suas revelações com o livro A Bacia de Campos na Geologia Litorânea do Petróleo."

1974/1975/1977

O INÍCIO DA PRODUÇÃO
Plataforma Sedco 135-D
Bacia de Campos dos Goytacazes - RJ

Esta foi a primeira plataforma a produzir no Campo de Enchova.

   Em 1974, é descoberto petróleo na Bacia de Campos dos Goytacazes (RJ), no Campo de Garoupa. Em 1975, o governo federal autoriza a assinatura de contratos de serviços com cláusula de risco, o que permitiu a participação de empresas privadas na exploração. 

Por este contrato, as empresas investiam em exploração e, caso tivessem sucesso, receberiam os investimentos realizados e um prêmio em petróleo ou em dinheiro, mas a produção seria operada pela Petrobras. Houve apenas uma pequena descoberta na Bacia de Santos com a aplicação deste tipo de contrato. Em 1977, entra em operação o Campo de Enchova, o primeiro a produzir na Bacia de Campos, com a utilização do Sistema de Produção Antecipada. Pela primeira vez produz-se no Brasil a 120 metros de lâmina d’água. No final do anos 70, essa era considerada uma grande profundidade.
(Texto: blog.planalto.gov.br/)

E AGORA TEMOS O PRÉ-SAL

     Uma das maiores descobertas dos últimos anos. São estimados 8 bilhões de barris de petróleo numa faixa de 800 km de extensão.
  Navio-plataforma P-34
Bacia de Campos dos Goytacazes - RJ

Em 2 de setembro de 2008, o navio-plataforma P-34 extraiu o primeiro óleo da camada Pré-Sal, no Campo de Jubarte, na Bacia de Campos (RJ). Em 1o. de maio de 2009, deu-se início à produção de petróleo na descoberta de Tupi, por meio do Teste de Longa Duração (TLD).

O pré-sal é conceituado como uma porção do subsolo que se encontra sob uma camada de sal situada alguns quilômetros abaixo do leito do mar. Formada há 150 milhões de anos, a camada possui grandes reservatórios de óleo leve, que possui melhor qualidade e produz petróleo mais fino. 

As rochas do pré-sal têm extensão de 800 quilômetros do litoral brasileiro, desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e atingem até 200 quilômetros de largura.   (http://www.canalvg.com.br/)

AS RUÍNAS

     Infelizmente com o abandono do suntuoso sobrado/sede da Fazenda Boa Vista, ocorreram invasões para furtar, não só o mobiliário que havia em seu interior, mas como também para retirar toda a madeira (de excelente qualidade) de sua estrutura. Numa dessas sorrateiras empreitadas, o pior aconteceu: alguém na calada da noite, para visualizar melhor o seu interior, causou um incêndio que consumiu o sobrado. E de sua estrutura, restou ainda erguida, uma pequena torre.
 Ruínas da Fazenda Boa Vista (11/04/2012)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: Dr. Serafim Saldanha Braga)
09/04/2020

NOTA: A história do petróleo no Brasil se iniciou, em 1858, quando o Marquês de Olinda concedeu a José de Barros Pimentel o direito de extrair betume em terrenos situados nas margens do rio Maraú, na Bahia. 

     Em 1892, na cidade de Bofete no estado de São Paulo, ocorre a primeira sondagem profunda no Brasil. O poço, perfurado por Eugênio Ferreira de Camargo, abrange 488 metros de profundidade. Todavia, é encontrada apenas água sulfurosa.
Dr. Serafim Saldanha Braga

As fotos e textos postados nesta matéria sobre a Fazenda Boa Vista, pertencem ao acervo familiar e foram fornecidos gentilmente pelo médico veterinário Dr. Serafim Saldanha Braga, bisneto do Coronel Olavo Alves Saldanha, à João Pimentel.

Originalmente postado por camposfotos.blogspot.com
Você Sabia?

Que em 1920 os veranistas eram transportados por carro de boi de roda fina, com capota, no trecho Fazenda Boa Vista / Farol de São Thomé.
Fazenda Boa Vista (1920) - Campos dos Goytacazes - RJ 
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
Você Sabia?

Que ao largo do Cabo São Thomé existem navios, barcos, rebocadores e até veleiros naufragados? Entre eles estão:
ARGENTINA naufragado em 1821;

Amelie Gordon -  29/09/1849 - Inglaterra. Vinha de Glasgow

Bergatim Catharina ou Catherine - 24/01/1825 - Da Inglaterra

Cargueiro Egglestone Abbey - 1896/03/16 - Da Inglaterra

Sumaca Luiza - 14/01/1850 - Vinha de Vitória-ES

Vapor Norteloide - 1945 Brasil - Incêndio nas proximidades da Lagoa Feia, no litoral Fluminense. - Anterior: Bollwerk - Foi vítima de violento incêndio provocado por explosões em uma carga de dinamite e rupturita. Possuía 4.107 T.

Galera Oriental - 1846 - Encalhe nas proximidades da Praia do Açú

Pontus - 03/02/1827 - Da Alemanha - Naufragou por volta das 11h. Capitão: João Fr. Hauschildt

Veleiro/Brigue BAIANO, naufrágio devido a vazamento em 1873, altura do Cabo São Thomé há 20 milhas da costa; Armador: Silverio da Silva Gallo. O veleiro/Brigue vinha de Santa Cruz.

Veleiro EMPREHENDEDOR, perdeu sua vela e âncoras em 1873, entre o Açu e o Cabo São Thomé;

Rebocador MOGÍ, explosão e incêndio em 1920, ao largo do Cabo São Thomé - GPS 21º 24 S / 40º 24' W;

Barco ROYAL STANDARD, da Inglaterra, naufragado em 1876;
CRIOULOnaufragado em 1828;

Cargueiro ITATIBAnaufragado em 18/04/1919, devido um incêndio, em frente a Barra do Furado. A 20 milhas ao sul do Cabo de São Thomé.

Vapor NECO - Da Inglaterra - Encalhe em 1924 no Banco de São Thomé - A 1/3 da costa. Fonte: Subsídios da Marinha.

RIO CAPIBARIBEnaufragado em 1976;
ORIENTAL ARGENTINOnaufragado em 1827;

Navio auxiliar VITAL DE OLIVEIRAnaufragado desde 19/07/1944, torpedeado há 25 milhas ao sul do Farol de São Thomé (Cabo São Thomé).

Incidente: Navio “Itapé”, na madrugada de 1º de Dezembro de 1940, ao longo do território brasileiro, a 18 milhas do Farol de São Thomé, foi abordado por um cruzador inglês que dele retirou 22 cidadãos alemães que viajavam com destino à Região Norte.

(Fonte: Naufrágios Brasil) (Brasil Mergulho)

Cabo de São Thomé - Enorme banco de areia submerso, já fez a festa de diversos afundamentos de embarcações. Os pescadores mais antigos diziam que em dia de maré mais baixa, se viam várias sombras no fundo do mar e ainda a ponta de alguns mastros fazendo redemoinhos nas águas da superfície. Ninguém se arriscava a chegar mais perto com medo de ficar agarrado, comentavam.
Acervo André Pinto

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Mapa do acervo de Andre Pinto: Este mapa, datado de 1767, denominado "Carta Topográfica da Capitania do Rio de Janeiro" feita por ordem do Conde de Cunha Capitão General e Vice Rey do Estado do Brazil, por Manoel Vieira Leão, Sargento Mor e Governador da Fortaleza do Castelo de São Sebastião da cidade do Rio de Janeiro, mostra bem a curvatura do Cabo de São Thomé, onde há perigosos bancos de areia. 

O Cabo de São Thomé, que faz parte de Campos dos Goytacazes, é bem perigoso e alguns capitães de embarcações, só acreditaram vendo. Sempre houve uma dinâmica costeira muito intensa naquela região. Os navios afundados naquele local nunca foram examinados por mergulhadores experientes, pois, segundo dizem, há uma forte convergência de correntes marítimas associadas à turbidez intensa das águas e com a presença de muitos tubarões. 

A realidade é que o local deve ter uma verdadeiro cemitério de embarcações e deve até ter a sobreposição de encalhes, onde prováveis galeões ou caravelas devem estar por debaixo de embarcações de períodos mais recentes.