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Você conhece a Lagoa Salgada? É um patrimônio natural de relevância internacional!

 Divisa dos Municípios de São João da Barra e Campos dos Goytacazes, na localidade Barra do Açu

Lagoa Salgada. Estromatólitos à direita - Foto: Divulgação

A Lagoa Salgada, localizada no limite entre os municípios de São João da Barra e Campos dos Goytacazes, é um geossítio de extrema importância e está inserida num contexto de cordões arenosos, que revelam, em seus sedimentos, registros das variações do nível relativo do mar nos últimos 5 mil anos. Porém, o que a torna tão importante não são apenas esses registros, mas a presença de estromatólitos que vêm sendo estudados por cientistas de todo mundo.  


A Lagoa Salgada é uma laguna cuja salinidade é variável, podendo ser salobra, salgada ou até mesmo ter a salinidade mais alta que a do mar. Foi formada há cerca de 5 mil anos, quando houve um aquecimento climático que provocou o aumento do nível do mar, inundando o litoral e formando enseadas. 


Posteriormente, o nível do mar voltou a descer e as correntes litorâneas traziam sedimentos, que eram distribuídos ao longo do litoral, possibilitando o fechamento da laguna. Após o seu isolamento, as condições de salinidade e hidrodinâmica se tornaram propícias para o crescimento de micro-organismos, responsáveis pela formação dos estromatólitos. Por essa razão, são denominados bioconstruções. 


O nome estromatólito significa “tapete de pedra” e são rochas geradas pela ação de micro-organismos. Esses pequenos seres vivos possuem um metabolismo dependente do processo de fotossíntese e vivem no fundo da laguna, colonizando o substrato. Durante a fotossíntese, retiram cálcio e dióxido de carbono da água, produzindo, então, carbonato de cálcio. Uma vez que esse material carbonático se acumula, sucessivamente, ocorre a formação do que chamamos de esteiras microbianas, que futuramente tornam-se estromatólitos. 


Estromatólitos representam o primeiro registro de vida macroscópico na Terra, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás. Nesse momento, a atmosfera primitiva não continha oxigênio, mas o ambiente marinho estava dominado por cianobactérias fotossintetizantes, que enriqueceram a atmosfera com o oxigênio que liberavam. 


Os estromatólitos da Lagoa Salgada são recentes e, por essa razão, este geossítio é um laboratório natural para o estudo da origem da vida na Terra. Exemplares dos estromatólitos da Lagoa Salgada foram datados em cerca de 2.220 anos em sua base e 260 anos no topo, ou seja, sua formação se deu em aproximadamente 2 mil anos, determinando uma taxa de crescimento de cerca de 1 cm a cada 100 anos. Por esse processo ocorrer de forma tão lenta, os estromatólitos são bastante vulneráveis. 

Lagoa Salgada. Imagens dos três tipos de estromatólitos identificados: (A) Domal maior; (B) Domal menor; e (C) Ramificados/Colunares. (Fotos: Douglas Rosa)

Locais como a Lagoa Salgada são raríssimos no mundo e junto com os estromatólitos existentes no sistema lagunar de Araruama (Restinga da Massambaba) são únicos no Brasil. Variações na salinidade da lagoa, pisoteamento pelo gado e retirada de estromatólitos para fazer cercas nas propriedades ameaçam este patrimônio. Somente parte da Lagoa Salgada está protegida pelo Parque Estadual da Lagoa do Açu (PELAG). 


Além de todo conhecimento que pode ser obtido através desses estromatólitos, eles também são similares às rochas-reservatório das camadas do Pré-Sal. Desta forma, são estudados, também, para entendimento da origem dessas importantes jazidas de petróleo e gás do Brasil. 


A Lagoa Salgada é um patrimônio natural de relevância internacional e tem grande potencial Geoturístico e Geoeducacional. Proteger este local é de suma importância para que os processos continuem ocorrendo naturalmente, revelando mais informações sobre uma antiga história do nosso planeta que ainda ocorre nos dias atuais.


Sua importância geológica e paleontológica poderá ser comparada com outras poucas ocorrências semelhantes. Cerca de 12 livros já foram escritos sobre a Lagoa, em cujo entorno está a capela de Santana. O local é parada obrigatória de aves migratórias. A Lagoa foi tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.




Fonte:  Geoparque Costões e Lagunas 

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