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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

BENTA PEREIRA: Alambique do Leley lança série comemorativa de Cachaça

Série única será lançada no sábado 13 de novembro
Instalado na Fazenda São Thomé,  o Alambique do Leley, localizado na praia do Farol de São Thomé, litoral de Campos, produz, artesanalmente, suas famosas cachaças a mais de 30 anos, com a utilização de canas plantadas na própria Fazenda — cerca de 300 toneladas por ano — sem adição de agrotóxicos ou adubos químicos. 


Armazenadas em dorna de aço inoxidável, o Alambique apresenta, tradicionalmente, três variedades de suas cachaças, conhecidas pelo nome de Barra Velha. Cor branca; de três anos, envelhecida em barril de carvalho, com coloração amarelo claro; e premium, também envelhecida em barril de carvalho, mas por cinco anos, com coloração amarelo ouro, certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil. 


O sucesso da cachaça se dá pelo processo detalhado, pelo aprimoramento e perfeccionismo dos artesãos. A destilação é feita através de fermentação natural com a utilização de fubá de milho e limão galego, “uma receita usada desde a época dos escravos”.


Aguardamos o melhor momento para cortar a cana, que é antes da brotação, entre 13 e 14 meses, quando o açúcar redutor foi maturado pelo sol. É este açúcar que funde os ésteres — explica — colhemos apenas as canas que vamos moer no dia, para ter um material sempre fresco, utilizamos alambique de cobre a fogo nu, que, segundo os especialistas, produz os melhores destilados do mundo, como o conhaque Rémy Martin e o uísque Jack Daniel’s, e aproveitamos apenas o coração da cachaça, dispensando a cabeça e a cauda.


O envelhecimento é feito em barris de carvalho comprados da Pernord Richard, conglomerado francês que atua no ramo de bebidas alcoólicas. “Envelhecimento é uma arte antiga, surgida na China há mais de cinco mil anos e adaptada por ingleses e espanhóis. O processo enobrece a bebida e amacia o álcool, que deixa de queimar na boca”.


A produção de cachaça é uma espécie de alquimia em que se busca a singularidade”, afirma Leley. De acordo com ele, cada pinga é única, reflexo de suas condições de produção e de quem a faz. Esse cuidado em busca de um sabor próprio não passa apenas pelo cuidado com o cultivo da cana, mas também por muita qualificação técnica, estudo e avaliação de órgãos e entidades de gestão e fomento nacionais.


Fechando o ano de 2021, o Alambique do Leley lançará uma série comemorativa da cachaça, envelhecida por 10 anos, que segundo Odirley Caetano - o Leley - tem sabor marcante, personalidade forte e por isso, será uma série única, limitada com 200 garrafas. A série homenageará Benta Pereira, viúva e matriarca, mãe de seis filhos, considerada uma heroína campista.
Benta Pereira
 
Uma senhora que viveu no início do século XVIII. Nasceu por volta de 1670-1675  [a data de nascença é incerta] e morreu aos 75 anos, em 10 de dezembro de 1760. Casou-se com Pedro Manhães e com ele teve seis filhos que criou sozinha depois de enviuvar. Era uma mulher de muitos bens e sozinha gerenciou a fortuna deixada pelo marido e educou os filhos.


Aos 72 anos de idade, Benta Pereira montou num cavalo e armada liderou uma revolta contra o 3º Visconde de Asseca, Diogo Corrêa de Sá, donatário da capitania da Paraíba do Sul. Ela lutava não só pela liberdade de suas terras, cujas delimitações haviam sido infringidas pelos viscondes, como contra os pesados impostos requeridos pelo donatário. Criadora de gado bovino numa terra que se transformava em um grande canavial com a exploração do açúcar, Benta Pereira, ladeada por sua filha Mariana de Souza Barreto, lutou sem descanso até conseguir a expulsão dos Assecas da capitania. Lutou pelas terras que havia herdado de seus antepassados que por sua vez as receberam em 1627 das mãos do governador Martim Correa de Sá em reconhecimento pelo corajoso desempenho destes homens nas lutas contra os guerreiros Goitacás.


Quase cem anos foi o período de lutas violentas entre os Asseca, cujo título havia sido criado pelo rei de Portugal para apaziguar lutas familiares na casa de Bragança e os herdeiros dos Sete Capitães (Miguel Aires Maldonado, Miguel da Silva Riscado, Antonio Pinto Pereira, João de Castilhos, Gonçalo Correa de Sá, Manuel Correa e Duarte Correa). As terras em questão, que estavam próximas da Lagoa Feia até a Ponta de São Thomé e que pertenceram originalmente a Pero de Góis da Silveira que acompanhara Martim Afonso de Souza em 1530, haviam sido dedicadas à criação de gado desde 1633 quando currais foram levantados.


É verdade que mais tarde os Viscondes de Asseca ainda conseguiram retomar as terras, sob ordem do então governador do Rio de Janeiro. Mas a festa durou pouco. Os colonos, herdeiros de terras e pessoas comuns já haviam sentido o gosto revolucionário, o gosto de uma independência ainda que tardia, sob o comando de Benta Pereira. E os Viscondes de Asseca, enfraquecidos, logo, logo perderam suas terras. Em 1752 a capitania da Paraíba do Sul foi incorporada à coroa portuguesa.

Divulgação

A reverência a Benta Pereira expressa o tributo a uma geração de campistas avessa à obediência cega às ordens da Coroa. Sinal disso é a própria instalação da Câmara em 1652 — desautorizada pelo rei e reafirmada pelos campistas, ilegalmente, em 1656.

É fato que Benta Pereira foi uma mulher de posses e que o levante de 1748 envolveu dois grupos poderosos, tendo a população pobre participado como coadjuvante. Mas os heróis não são anjos ou deuses, e sim pessoas de carne e osso que, a despeito disso, deixam marcas inspiradoras para além de sua própria geração.

Por admirar a história dessa mulher guerreira, que nos deixou um legado e, principalmente, por ter personalidade forte e ser um marco em nossa história é que o Alambique do Leley traz o seu nome na série comemorativa, única, que será lançada no sábado 13 de novembro, às 19h, no próprio Alambique.
Divulgação












Com informações:

  • Blog do Instituto Historiar. Benta Pereira. http://institutohistoriar.blogspot.com.br/2009/04/benta-pereira.html. Consulta em 28/05/15; 
  • PENNA, Patricia Ladeira. Benta Pereira: mulher, rebelião e família em Campos dos Goytacazes, 1748. Dissertação de mestrado em História – UFF – 2014.

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