A Capitania
dos Portos de Macaé planeja formar 60 profissionais marítimos em 2012,
entre aquaviários, tripulantes não aquaviários e profissionais não
tripulantes. O número, ainda assim, ficará um pouco abaixo da média dos
últimos anos, que tem flutuado entre 60 e 70 profissionais formados,
conta o delegado da capitania local, Róbson Galhardo.
“Este ano,
até o momento, só há uma turma prevista, com 30 alunos. Mas o objetivo é
formar 60, o que, no entanto, ainda é pouco”, ressalva o Capitão de
Fragata da Marinha, destacando que, a partir do ano que vem, os cursos
serão ampliados de três a quatro meses, e terão estágio obrigatório
embarcado, com duração de dois meses.
Segundo o
oficial, uma das dificuldades enfrentadas pelos alunos é o fato de que
os cursos são integrais, o que torna inviável que os formandos mantenham
seus empregos. “Por isso, é muito importante que as empresas da
indústria offshore ofereçam alguma forma de apoio”, assinala.
Para
Galhardo, embora, de fato, seja preciso formar mais profissionais
marítimos para atender à demanda da indústria, há mais mão-de-obra
disponível do que têm alegado as empresas. “A questão é que muitos dos
profissionais formados não estão aguentando o ritmo de trabalho dessa
indústria”, ressalta o oficial. “Talvez as empresas tenham de mudar sua
estratégia de contratação. Eu mesmo tenho três oficiais trabalhando na
capitania que poderiam estar ganhando salário três vezes maior, mas não
querem voltar para a indústria do petróleo”.
Falsificação
De acordo
com Galhardo, a Capitania dos Portos de Macaé apura, no momento, três
casos de documentos de suspeita de falsificação de de Caderneta
Inscrição e Registro (CIR) e certificados. Segundo o oficial, esses
casos vêm ocorrendo com frequência cada vez maior, em função da alta
demanda por profissionais marítimos. “É preciso que setores de RH das
empresas fiquem atentos a isso, pois, após a contratação, só vemos isso a
bordo”, adverte Galhardo.
Para
Maronildo Filho, da Abespetro, para além do grande crescimento no número
de sondas no país – só entre 2001 e 2019, as unidades terão passado de
91 para 144 –, a falta de profissionais também esbarra em questões
trabalhistas, que, segundo ele, ainda são, em parte, incoerentes com a
atividade offshore.
Entre os
exemplos estariam a obrigatoriedade de férias de 30 dias, que não condiz
com o regime de 14 dias embarcado e 14 de folga, além da
impossibilidade de o profissional brasileiro ficar mais de 15 dias na
embarcação. “Assim, fica difícil nacionalizar determinadas posições”,
afirma Maronildo, referindo-se ao fato de que estrangeiros podem ficar o
dobro do tempo embarcado. Outra questão, segundo ele, é a demora na
emissão de vistos para expatriados, processo que pode levar até seis
meses para ser concluído.
O dirigente
ainda enumera outros complicadores que vêm contribuindo para o gargalo
em RH na área de profissionais marítimos no Brasil:
- Pessoal de perfuração: dificuldade em proficiência em inglês;
- Pessoal de manutenção: dificuldade de atração de pessoal com nível de supervisão.
- Técnicos subsea: não disponíveis;
- Chefes de eletrônica e mecânica já contratados: ainda sem experiência para assumir posições de comando;
- Pessoal de marinha: mão de obra em formação nas escolas navais (*de Marinha Mercante e Capitanias – GRIFO NOSSO – PM);
- Oficiais de máquina e náutica: pouca experiência para cargos de supervisão;
- Assédio agressivo de outros setores.
Com as informações – Energia Hoje / Portal Marítimo