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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Como proteger as tartarugas marinhas

Tamar
Muito se pode aprender sobre a condição do meio ambiente através das tartarugas marinhas. Existem há mais de 100 milhões de anos, e viajam através dos oceanos do mundo. No entanto, lutam pela sobrevivência, em grande parte devido às ações causadas pelo Homem. Mas o que pode significar para a espécie humana a extinção das tartarugas marinhas?

É possível que um mundo em que as tartarugas marinhas não possam sobreviver poderá em breve tornar-se um mundo no qual os humanos lutem para sobreviver. No entanto, se aprendermos com os nossos erros e começarmos a mudar o nosso comportamento, ainda há tempo de salvar as tartarugas marinhas da extinção.
Tamar

Como animais migratórios, as tartarugas se deslocam desde os trópicos até as regiões subpolares, transferindo energia entre ambientes marinhos e terrestres. São consideradas verdadeiros engenheiros do ecossistema, devido a sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de grama marinha e substratos arenosos do fundo oceânico. Entretanto, se salvarmos uma das criaturas mais misteriosas do planeta, poderemos também salvar a nós mesmos. 

Durante sua longa existência, cada tartaruga marinha leva e traz toneladas de nutrientes e energia vital à sobrevivência de tantas outras formas de vida. Das tartarugas marinhas depende a existência de uma infinidade de peixes, crustáceos,  moluscos, esponjas, medusas. Dependem também formações de mangues, bancos de areia, de gramas marinhas e de algas, de corais e recifes, de ilhotas e formações geológicas. Proteger as tartarugas marinhas é, portanto, preservar a vida marinha, garantir a sobrevivência do planeta e da humanidade.

 Pesca e a Captura Incidental

As tartarugas marinhas interagem com diversas modalidades de pesca artesanal e industrial. Presas nos diversos tipos de redes e anzóis, não conseguem subir à superfície para respirar e acabam desmaiando ou mesmo morrendo afogadas.

A captura incidental é considerada atualmente a principal ameaça às populações de tartarugas marinhas. No Brasil, assim como no resto do mundo, a pesca do arrasto do camarão e com espinhéis em alto mar são dois dos principais tipos de pesca que interagem com as tartarugas.

Por isso, o Tamar desenvolve programa específico que inclui educação ambiental e orientação aos pescadores, além de desenvolver novos recursos e petrechos de pesca que possam minimizar os efeitos da pesca sobre as populações e reduzir os índices de capturas.

Luz Artificial

A incidência de luz artificial nas praias, resultado da expansão urbana sobre o litoral, prejudica fêmeas e filhotes. As fêmeas deixam de desovar, evitando o litoral, se a praia estiver iluminada inadequadamente. Os filhotes, por sua vez, ficam desorientados: ao invés de seguir para o mar, guiados pela luz do horizonte, caminham para o continente, atraídos pela iluminação artificial - e fatalmente são atropelados, devorados por predadores como cães e raposas, ou morrem de desidratação.

O Tamar conseguiu aprovar leis que impedem a instalação de novos pontos de luz em áreas de desova e faz campanhas permanentes para substituição, nessas áreas, das luminárias convencionais por outras, especialmente desenhadas com a consultoria do Projeto, para que a luz não incida diretamente sobre a praia.

Orientações básicas sobre iluminação nas praias - veja o que pode ser feito para iluminar a orla de forma adequada, sem prejudicar as tartarugas marinhas.

As orientações estão na Cartilha de Fotopoluição. O documento busca esclarecer aos proprietários de residências, empreendedores e comerciantes sobre a importância do Litoral para a proteção das tartarugas marinhas e orienta quanto à legislação vigente e melhores práticas para minimizar os impactos gerados pela iluminação artificial. Pode servir como base para qualquer região do Brasil que queira implantar projetos de iluminação de forma a não prejudicar os animais que desovam na praia.

Projeto Tamar no Farol de São Thomé

O Tamar atua na região norte fluminense desde 1992. A base de pesquisa e conservação da Bacia de Campos, localizada no Farol de São Thomé, monitora aproximadamente 105 km de praias, abrangendo os municípios de Campos dos Goytacazes, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana. É área de alimentação para as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil e de reprodução para a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta). Cada animal adulto pode medir mais de um metro, da cabeça a cauda.

O período reprodutivo das tartarugas marinhas acontece entre os meses de setembro e março, quando fêmeas procuram as praias do litoral norte fluminense para desovar. 

O trabalho de captura dos ovos começa bem cedo, antes das seis horas da manhã, os tartarugueiros seguem pela orla em busca dos rastros das tartarugas deixados na areia. Os animais fazem esse caminho durante a madrugada, cavam o buraco e põem cerca de 120 ovos cada, que parecem com bolas de tênis de mesa e tem a casca mais sensível e maleável que a de um ovo de galinha.

Em Farol foi montado uma espécie de “berçário” e quando os ovos são recolhidos da orla, eles são colocados em caixas de isopor e cobertos com areia. Antes das oito horas da manhã eles são transferidos para os novos ninhos, feitos pelos agentes do Tamar. A equipe tenta fazer um ninho o mais parecido possível com os que as tartarugas fazem naturalmente, com 60 centímetros.

É a temperatura da areia que define o sexo dos filhotes. Estudos feitos no Estado da Bahia aponta que quanto mais quente é a areia, maior o número de fêmeas que nascem. Já quanto menor é a temperatura, mais machos. Aqui na região, provavelmente, nasce mais machos e na Bahia e Espírito Santo, mais fêmeas. As tartarugas demoram em média 45 dias para nascer.

A cada mil filhotes apenas um ou dois chegam à idade adulta. As tartarugas têm por hábito desovar no mesmo local onde nascem, num intervalo de um a dois anos. O Tamar faz um monitoramento noturno dos animais que vem desovar no Farol e algumas têm marcação com anilha. São colocadas duas nas nadadeiras da frente.
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Em algumas praias como as praias de Farolzinho e Maria da Rosa, o Projeto Tamar deixa os ovos em ninhos naturais.

Nessas áreas não existem iluminação pública e nem tráfego de veículos, por isso, são deixadas lá com placas identificando cada ninho. O Tamar sempre orienta a população para que não retire essas identificações e nem trafeguem com veículos pesados, pois aterram mais os ninhos e os filhotes acabam não tendo como sair. 

A questão do lixo também é importante. Necropsia realizada em algumas tartarugas encontraram de tudo no estômago delas, como sacolas plásticas e palitos de pirulito. Por isso, o Tamar pede para que os banhistas não joguem lixo na orla, e pede a colaboração para não retirarem as estacas de marcação dos ninhos, nem direcionarem luzes para a praia. Se necessário, entrar em contato com a equipe pelo telefone: (22) 2747-5277.





Tamar / Redação

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