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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Perigo: 80% a 100% dos casos de dengue podem levar à hepatite


Com o avanço da epidemia do sorotipo quatro, que se esperava que fosse mais brando e acabou trazendo sérias complicações e síndrome rara, a dengue mostrou mais um motivo para preocupar não somente as autoridades, mas principalmente a população.

No ultimo mês, no dia 15, a esteticista Denize Cardoso, de 22 anos, moradora do Parque Vicente Dias, em Campos, começou a sentir fortes dores de cabeça e nas costas. Durante a madrugada, chegou também a febre e pela manhã, a dor que antes era somente nas costas, se propagou por todas as articulações. Preocupada, Denize buscou atendimento médico, em uma unidade da rede privada, que receitou medicação intravenosa e indicou o uso de dipirona, além de requisitar exames TGO (transaminase glutâmica oxalacética) e TGP (transaminase glutâmica pirúvica), essenciais para o diagnóstico das doenças do fígado.
No dia seguinte a esteticista retornou à unidade hospitalar, onde outro profissional não detectou redução de plaquetas, mas uma grande alteração nas enzimas TGO e TGP, acusando uma acentuada disfunção hepática.
“A médica chegou a dizer que não era pra eu me apavorar, mas que ela nunca tinha visto isso antes. Claro que eu entrei em pânico e ela imediatamente pediu uma ultrassonografia abdominal completa”, relatou a jovem que disse ainda que ao ver os exames a médica constatou normalidade, exceto pela presença de gordura no fígado.
Assustada e desconfiada, Denize buscou um médico de sua confiança. O clínico explicou a ela que os níveis de plaquetas levariam cerca de 10 dias para apresentarem alteração, mas observou que a presença de gordura no fígado indicaria hepatite, o que segundo ele, seria comum nos casos de dengue tipo 4, e pediu ainda um exame específico para dengue além de uma contraprova do TGO e TGP. O resultado foi positivo para dengue e confirmou a hepatite.
Embora as autoridades de saúde de Campos neguem a relação entre dengue e hepatite, o Sr. Edimilson Migowski, doutor em Infectologia e Mestre em Pediatria, além de professor, Chefe do Serviço de Infectologia Pediátrica da UFRJ e diretor do IPPMG (Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira), foi categórico em afirmar que não há nenhuma novidade no surgimento de lesões hepáticas em pacientes com dengue, seja no contágio pelo sorotipo 1, 2, 3 ou 4.
“Os quatro tipos de vírus da dengue podem trazer lesão hepática. Vale lembrar que o vírus da dengue é flavivírus, do mesmo grupo do vírus que causa a febre amarela e a hepatite C, e que lesão hepática (hepatite) não é exceção e sim regra em tais situações. A hepatite fulminante em paciente com dengue é a segunda causa de morte, só perdendo para o choque do dengue”, pontuou Migowski que acrescentou ainda que cerca de 80 a 100% dos pacientes de dengue podem desenvolver hepatite.
Dentro deste assunto, vale lembrar que na ocasião da morte do gerente comercial,Paulo Cézar de Freitas Barroso, de 60 anos, no último dia 12 de abril, se deu por insuficiência hepática, e este teria sido um dos pontos que levava os médicos a descartarem a possibilidade de dengue.
Migowski disse ainda que pessoas que já tiveram hepatite não precisam se alarmar, mas os que apresentam alguma disfunção hepática devem ter cuidado redobrado. O médico observou também que pelo número de casos notificados este ano no Estado do Rio de Janeiro, o percentual de letalidade é bem inferior ao observado em outras épocas.
“Não sei se o vírus tipo 4 é mais brando, ou a população está melhor atendida. Isso é fato no Rio. Clínicas da família, UPAs e polos de tratamento a pacientes com dengue é uma realidade recente que inexistia nas epidemias anteriores. Também a população vem sendo melhor orientada quanto à observação dos sinais de agravo (dor abdominal forte, vômitos, queda da pressão arterial, sangramento) e a necessidade de retornar ao serviço de saúde imediatamente.”
Como o quadro de sintomas da dengue é amplo e semelhante a tantas outras doenças o diagnóstico diferencial ainda é um desafio e baseado nisso, pacientes e principalmente médicos devem se manter atentos.

“Frente a situações de epidemias de dengue, qualquer paciente com febre, dor no corpo, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, dor nas articulações e sangramento, além de dor de garganta, diarreia, sem diagnóstico claro, deve-se pensar em dengue, e pedir, sempre que possível, exames complementares que colaborem com o diagnóstico”, finalizou Migowski.








Ururau